Sessão de curtas e debate "Pajelança nas Telas e na Vida" na UESC/Ilhéus

Resumo: A sessão de curtas e debate "Pajelança nas Telas e na Vida" é um evento que reúne a exibição de quatro filmes curta-metragens brasileiros, sendo três do Baixo Sul da Bahia, que exploram a riqueza cultural, ambiental e espiritual das comunidades indígenas brasileiras, seguida de um debate enriquecedor com a Pajé Rita Muniz Tupinambá, primeira pajé mulher do Território Indígena Caramuru Paraguassu, do povo Pataxó Hãhãhãe, no município de Pau Brasil/Bahia.

Data: 05 de outubro de 2023, quinta-feira das 16h às 19h Local: Campus da Uesc, sala 2202 - Auditório do DFCH, 2º andar do Pavilhão Adonias Filho.

Filmes: - Kaapora, o chamado das matas, de Olinda Muniz Wanderley - Guerreiros Pataxós Hã Hã Hãe, projeto audiovisual da Teia dos Povos - Kumarú: Cura, força e resistência, de DZAWI Filmes - A Lenda do Monte Pascoal, de Itamar dos Anjos ***Programação dos filmes pode ser alterada até o dia do evento, ainda em confirmação**

Convidada: Pajé Rita Muniz Tupinambá Coordenação da atividade: Gisele Motta

A presença indígena no território universitário é crucial para a promoção da decolonialidade e a construção de um ambiente acadêmico mais inclusivo e aberto à diversidade cultural do Brasil. Especialmente quando recebemos lideranças políticas e espirituais do território de atuação da Universidade, como é o caso da presença de Pajé Rita Muniz pela primeira vez na Uesc, a universidade onde seu filho estuda filosofia e a instituição de ensino superior mais próxima do território Caramuru Paraguassu, do qual faz parte. Por conta de racismo religioso e perseguição política, desde 2021 Pajé Rita Muniz está em diáspora, primeiro no Assentamento Terra Vista, em Arataca/BA, depois na Aldeia Pataxó Hãhãhãe, de seu povo, em Paraty/RJ e agora na Praia de Mambucaba/Paraty/RJ. De volta ao território para este e outros eventos, a liderança busca continuar seu caminhar de palestras e pajelança pelas margens do Brasil. Ao abraçar e celebrar as vozes indígenas, a universidade desempenha um papel fundamental na desmistificação de estereótipos prejudiciais e na amplificação das narrativas autênticas das comunidades originárias. A invasão de Pindorama e a colonização ainda em curso deixou marcas profundas na cultura e na identidade das populações indígenas, e muitas vezes essas vozes foram silenciadas ou subjugadas. Ao trazer a Pajé Rita Muniz Tupinambá para liderar o debate, o evento "Pajelança nas Telas e na Vida" reconhece a importância da sabedoria e perspectivas indígenas para uma compreensão mais completa da nossa história e identidade, a partir da ideia de contracolonialidade. A exibição dos curtas-metragens traz à tona a conexão intrínseca entre as tradições indígenas e a natureza, mostrando como essas comunidades mantêm tradições e cosmovisões específicas, enquanto resistência aos processos violentos de etnocídio e aculturamento histórico. Kaapora, o chamado das matas, de Olinda Muniz Wanderley tem a participação de Rita Muniz Tupinambá e foi realizado por sua sobrinha, Olinda, renomada cineasta indígena do território. Uma mistura de documentário e ficção que conta a história de Kaapora, protetora das matas e do projeto socioambiental de mesmo nome desenvolvido no Caramuru. O projeto audiovisual Guerreiros Pataxós Hã Hã Hãe é um minidocumentário gravado na terra de Rita Muniz, uma produção da articulação por terra e território que Rita faz parte, a Teia dos Povos. O território Pataxó Hãhãhãe é uma aldeia multiétnica, com forte presença de Pataxós, Tupinambás e outros povos. O curta A Lenda do Monte Pascoal é uma ficção que aborda outro território próximo, o da Aldeia Mãe Barra Velha e da Aldeia Monte Pascoal, a partir da história ancestral de Zabelê, guerreira que se transforma em pássaro para fugir dos colonizadores. Já Kumarú: Cura, força e resistência, de DZAWI Filmes traz recortes do Pará e da história do pajé Naldinho Kumaruara, um curta metragem especial por retratar especificamente a pajelança como conexão com os seres sagrados da floresta e a cura humana.